quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FELIZ ANO NOVO!!!

Metas para 2009:


Esquecer mais de "mim";

Enxergar mais o "outro"

Converter minhas intenções em ações;

Falar menos, agir mais;

Ter mais disciplina;

Contar menos o tempo;

Julgar menos;

Tolerar mais;

Meditar mais;

Me preocupar menos;

Viver mais aqui e agora;

Enxergar as bençãos diárias;

Fazer o que estiver ao meu alcance para levar tudo isso ao maior número de seres possível;

Cumprir minhas metas;

Não ter que me preocupar tanto com metas no ano que vem!


QUE TODOS TENHAM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA CUMPRIR SUAS METAS EM 2009!!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Balanço de Natal

Nesse fim de ano tive uma lição às avessas. Tive que me “perder”, pra depois lembrar o caminho de volta pra "casa"...
Quando nem bem começou o mês de dezembro, me vi envolvida com crianças de férias, preparativos de Natal, compras de presentes, família, ceia etc., e acabei deixando de lado minhas meditações, minhas leituras, enfim, mergulhei de cabeça no turbilhão dos pensamentos sem rédeas, sem aqui e agora.

Quando me dei conta, estava envolvida em sentimentos pequenos do tipo: “alguém me ofendeu”, "fulano não se lembrou do meu aniversário”, e por aí vai... - era o meu Super Ego gritando!

A partir daí tive a nítida visão do que a meditação estava fazendo por mim ... - não que eu estivesse em um estágio avançado ou coisa parecida, mas o pouco que trabalhei em mim através dela já havia me dado uma dose extra de paciência, de tranqüilidade, de compreensão - do estar aqui e agora...

Senti como se sente uma pessoa obesa que conseguiu perder uns doze quilos e depois passa uma semana comendo doces...

Cadê a minha mente? Viajou de férias...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sangha

Ao ler esse texto hoje no blog Para ser zen, senti uma enorme esperança de que nesse ano que começa encontrarei minha sangha. Esse texto explica profundamente o significado que ela tem em nossas vidas. É o que falta no meu caminho...

"Quando agimos como uma comunidade de praticantes, permeados pela energia da atenção e da compaixão, nós somos poderosos. Quando fazemos parte de uma comunidade espiritual, nós temos muita alegria e podemos resistir melhor à tentação de entregar-nos à desesperança. A desesperança é uma grande tentação em nosso século. Sozinhos, nós somos vulneráveis. Se tentarmos ir para o oceano como um único pingo d’água, evaporaremos antes de chegar lá. No entanto, se formos como um rio, se formos como uma comunidade, certamente chegaremos ao oceano. Tendo uma comunidade caminhando conosco, apoiando-nos e fazendo-nos lembrar sempre do céu azul, nós jamais perderemos a fé. Como líder político ou empresarial, assistente social, professor ou pai, você precisa ser lembrado de que o céu azul ainda está ali à sua espera. Todos precisamos de uma comunidade, uma Sangha que nos impeça de mergulhar no pântano da desesperança.

A construção da comunidade é a tarefa mais importante do nosso século. Como pode o século XXI ser um século de espiritualidade se nós não encararmos o trabalho de construir e fortalecer comunidades espirituais? Como indivíduos, nós já sofremos enormemente. O individualismo predominante e as famílias se desfazem. Com isso, a sociedade ficou profundamente dividida. Para que este século seja um século de espiritualidade, é preciso que o espírito de congraçamento nos guie. Deveríamos aprender a fazer coisas juntos, a compartilhar nossas idéias e a aspiração profunda que temos no coração. Temos de aprender a ver a Sangha, a nossa comunidade, como nosso corpo. Necessitamos uns dos outros para praticar a solidez, a liberdade e a compaixão e assim podermos lembrar às pessoas que sempre há esperança."


Thich Nhat Hanh, Serenando a mente - O olhar budista sobre o medo e o terrorismo, Editora Vozes, Petrópolis, 2007

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Parar, Acalmar-se, Descansar e Curar-se

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.

Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda - para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.

Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito "vashana" acaba vencendo e nos levando de roldão.

Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.

Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto.

Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação — shamatha — é fazer parar.

A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro. O Buddha ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:

1. Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".
2. Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente em
3. Acolher: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.
4. Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.
5. Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.

Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada — repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.

O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar. A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buddha disse: "Meu Dharma é a prática do não-fazer."1 Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.

Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

(Thich Nhat Hanh. A essência dos ensinamentos de Buda:
como transformar o sofrimento em paz, alegria e liberação.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Inimigos

Quem conseguir ver os "inimigos" que lhe fizeram mal como "grandes professores" terá compreendido a sexta percepção e ido além, pois perdão dessa magnitude é sempre acompanhado do advento de enorme alegria e felicidade. Rompendo as correntes do passado desse modo, transformamos de fato as condições e o rumo de nosso carma.

Embora a maioria das pessoas perceba que o melhor é não se ater a erros do passado, poucas conseguem fazê-lo. A maneira correta de abrir mão do passado é nos beneficiar dele. Em vez de ficarmos bravos com algo que consideramos "errado", deveríamos analisar a questão mais profundamente e descobrir como ela poderia nos ajudar.

Não cresce espiritualmente quem nada experimenta. Reveses e dificuldades podem e devem ser aproveitados para nosso aperfeiçoamento como incentivo a novas realizações. Estagnam os países em que há apenas um partido político, ao contrário daqueles onde as instituições democráticas estão em pleno funcionamento. Torna-se fraco o corpo que nunca se exercita; fica forte e saudável o que é obrigado ao esforço. O problema é perceber apenas um lado da dualidade. Convém considerar como fazer a situação nos fortalecer e ajudar. "Erros do passado" são velhas lições que ainda não aprendemos direito. Ressentir-nos com isso só fará agravar o problema que os gerou.

- Hsing Yun (mestre budista chinês fundador da Ordem Fo Guan Shan)


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domingo, 7 de dezembro de 2008

Espiritualidade

"Quero fazer os poemas das coisas materiais,
pois imagino que esses hão de ser
os poemas mais espirituais.
E farei os poemas do meu corpo
E do que há de mortal.
Pois acredito que eles me trarão
Os poemas da alma e da imortalidade."
E à raça humana eu digo:
-Não seja curiosa a respeito de Deus,
pois eu sou curioso sobre todas as coisas
e não sou curioso a respeito de Deus.
Não há palavra capaz de dizer
Quanto eu me sinto em paz
Perante Deus e a morte.
Escuto e vejo Deus em todos os objetos,
Embora de Deus mesmo eu não entenda
Nem um pouquinho...
Ora, quem acha que um milagre alguma coisa demais?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
Cada momento de luz ou de treva
É para mim um milagre,
Milagre cada polegada cúbica de espaço,
Cada metro quadrado de superfície
Da terra está cheio de milagres
E cada pedaço do seu interior
Está apinhado de milagres.
O mar é para mim um milagre sem fim:
Os peixes nadando, as pedras,
O movimento das ondas,
Os navios que vão com homens dentro
- existirão milagres mais estranhos?"

(Walt Whitmann)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Ameaça de boicote X liberdade diplomática

Presidente da França fará reunião com Dalai Lama na Polônia

Primeiro encontro entre os dois líderes é criticado pela China.

Sarkozy almoçará com representantes de nove países do Leste Europeu.

Da France Presse


O presidente francês, Nicolas Sarkozy, irá se reunir neste sábado (6), pela primeira vez, com o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, no porto de Gdansk, norte da Polônia, apesar de duras queixas por parte da China e de sua ameaça de boicote a produtos franceses.

Sarkozy chegou por volta das 12h30 (horário local) a Gdansk, onde participará da cerimônia do 25º aniversário da entrega do Prêmio Nobel da Paz ao presidente polonês, Lech Walesa, fundador do histórico sindicato Solidarnosc.

O presidente francês deve se encontrar com o Dalai Lama, Prêmio Nobel da Paz em 1989, às 16h30, no que será a primeira reunião de um presidente francês com o líder tibetano, exilado desde 1959 em Dharamsala, norte da Índia.

"Este encontro será um sinal muito forte para os tibetanos, para nossos compatriotas que lutam encarniçadamente de forma não violenta (...) há tanto tempo", declarou o secretário do Escritório do Tibete em Paris, Wangpo Bashi, a uma emissora francesa.

Desde que o encontro foi anunciado, há várias semanas, a China pressiona a França para voltar atrás, chegando a cancelar uma cúpula China-União Européia (os franceses ocupam atualmente a presidência rotativa do bloco), que deveria ter acontecido no dia 1º de dezembro em Lyon, centro-oeste da França, e uma cúpula bilateral, que seria realizada no palácio do Eliseu.

Agora, Pequim ameaça instituir um boicote aos produtos franceses. A China já havia feito pressões semelhantes em julho e agosto, quando o presidente francês informou que não sabia se compareceria à abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Após uma visita de Sarkozy à capital chinesa no fim de 2007, empresas francesas obtiveram contratos no valor de 20 bilhões (25 bilhões de dólares) de euros com o país.

Em agosto, durante uma visita Paris, o Dalai Lama precisou se conformar com um encontro com a primeira-dama francesa, Carla Bruni Sarkozy, e com uma reunião com o chanceler, Bernard Kouchner.
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Do Portal de notícias G1.globo.com

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

E-mail de um morador de Itajai

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Meus amigos,

Ontem 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta "folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão,mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.

As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.

Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperará-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.

Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:

- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros;

- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma;

- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral;

- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás;

- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas;

- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas;

- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava;

- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas;

- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração;

- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.



Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:



- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma;

- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver;

- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença;

- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida;

- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul;

- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões de mantimentos;

- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram como veteranos;

- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram, orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas;

- Aos Médicos Voluntários;

- Às enfermeiras Voluntárias;

- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos;

- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso;

- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar;

- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade;

- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa;

- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem;

- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos;

- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem;

- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa;

- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou;

- A todos que oraram por todos;

- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas;

- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira;

- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente;

- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém;

- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.


Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:


COMEÇAR DE NOVO


Eu tinha medo da escuridão

Até que as noites se fizeram longas e sem luz

Eu não resistia ao frio facilmente

Até passar a noite molhado numa laje

Eu tinha medo dos mortos

Até ter que dormir num cemitério

Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires

Até que me deram abrigo e alimento

Eu tinha aversão a Judeus

Até darem remédios aos meus filhos

Eu adorava exibir a minha nova jaqueta

Até dar ela a um garoto com hipotermia

Eu escolhia cuidadosamente a minha comida

Até que tive fome

Eu desconfiava da pele escura

Até que um braço forte me tirou da água

Eu achava que tinha visto muita coisa

Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas

Eu não gostava do cachorro do meu vizinho

Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar

Eu não lembrava os idosos

Até participar dos resgates

Eu não sabia cozinhar

Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome

Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras

Até ver todas cobertas pelas águas

Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome

Até a gente se tornar todos seres anônimos

Eu não ouvia rádio

Até ser ela que manteve a minha energia

Eu criticava a bagunça dos estudantes

Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias

Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos

Agora nem tanto

Eu vivia numa comunidade com uma classe política

Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora

Eu não lembrava o nome de todos os estados

Agora guardo cada um no coração

Eu não tinha boa memória

Talvez por isso eu não lembre de todo mundo

Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos

Eu não te conhecia

Agora você é meu irmão

Tínhamos um rio

Agora somos parte dele

É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio

Graças a Deus

Vamos começar de novo.



É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente.
Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de crescer
como ser humano.

Pelo menos é a minha hora, acredito.



Que Deus abençoe a todos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Oportunidades

"Por um lado, ter um inimigo é muito ruim. Perturba nossa paz mental e destrói algumas de nossas coisas boas. Mas, se vemos de outro ângulo, somente um inimigo nos dá a oportunidade de exercer a paciência. Ninguém mais do que ele nos concede a oportunidade para a tolerância. Já que não conhecemos a maioria dos cinco bilhões de seres humanos nesta terra, a maioria das pessoas também não nos dá oportunidade de mostrar tolerância ou paciência. Somente essas pessoas que nós conhecemos e que nos criam problemas é que realmente nos dão uma boa chance de praticar a tolerância e a paciência."

Dalai Lama

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