quinta-feira, 31 de julho de 2008

Serra do Luar


Serra do Luar
(Walter Franco)
Interpretação: Leila Pinheiro

Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar

Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, a todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
A toda hora, a todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, a todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

terça-feira, 29 de julho de 2008

A Gen Kelsang Panchen


Aprendi com meu primeiro professor de Dharma, que uma prática poderosa era o regozijo. Quando você se sente feliz com a felicidade dos outros, elimina a inveja, o egoísmo.
Existem práticas do dia-a-dia que se tornam mais poderosas que horas de meditação, pois modificam o nosso padrão de pensamento. Se em tudo que formos fazer ou receber, desejarmos que todos os seres se beneficiem disso também, sentimos a compaixão mais de perto, além de reconhecermos que somos muito afortunados.
Certa vez, estava muito aborrecida porque tinha que limpar a minha casa e andava muito deprimida, quando me lembrei desse ensinamento. Enquanto limpava, desejava que todos os seres pudessem ter a proteção de uma casa como a minha, o conforto de uma cama, a água ao alcance de uma torneira, o alimento(e o dharma) sempre à mão, enfim, uma casa pra limpar...
Não me esqueço do estado de felicidade e plenitude que experimentei nesse dia. Foi a minha primeira lição prática de dharma.
Hoje estou longe desse meu primeiro mestre, mas ele continua iluminando meu caminho, como fez quando eu o conheci.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Hoje eu sei


Hoje eu sei que a compaixão é capaz de transformar o mundo e transformar o ser.

Hoje eu sei que a compaixão pode ser desenvolvida, cultivada, que as áreas do cérebro responsáveis pela compaixão podem ser estimuladas.

Hoje eu sei que é possível "musculação de neurônios" através da meditação e do pensamento amoroso, terno, inclusivo, compreensivo, sábio.

Hoje eu sei que Buda se manifesta em cada ser que se entrega à bondade e ao Caminho do Bem, que é o Caminho Iluminado.

Hoje eu sei que a Verdade é o Caminho. A Verdade com "V" maiúsculo, onde tudo está incluso - até mesmo as mentiras.

Hoje eu sei que não sei, que não há nem mesmo um "eu" que sabe e não sabe.

Hoje eu sei que intersomos, interconectados com tudo que existe. Somos um só corpo e uma só vida. Estamos em rede. Na rede de Indra, feita de raios luminosos e em cada intersecção uma jóia recebendo e emitindo raios em todas as direções.

Hoje eu sei que somos co responsáveis pela realidade em que vivemos, pelo mundo em que estamos e que não adianta reclamar, é preciso agir para transformar.

Hoje eu sei que a juventude passa, os amores passam, a velhice passa, os desamores passam. Tudo é transitório e passageiro. O que se une inevitavelmente se separa. E assim é.

Hoje eu sei que a pessoa mais forte é aquela que se bende primeiro - assim como o bambu - flexível.

Hoje eu sei que a água é capaz de se moldar ao recipiente que a contém e que o gelo é duro e pode ferir. Então faço dos ensinamentos sagrados o sol que derrete o gelo e nos liberta de nossa própria frieza.

Hoje eu sei que é preciso sentir, que a indignação é uma alavanca para as grandes transformações e que as grandes transformações são feitas de pequenos gestos simples no dia a dia.

Hoje eu sei que palavras amorosas e ternas afetam as moléculas de água e que somos mais de 75% água. Então eu cuido do que falo, do que penso e como ajo.

Hoje eu sei que a mudança depende de mim, de cada um de nós. E que só há um caminho: ação amorosa e não violenta para resolver conflitos e atritos.

Hoje eu sei que a vida vale a pena ser vivida em sua plenitude deste instante eterno.

E tudo que temos é este instante. Aqui e agora.

Mãos em prece

Monja Coen

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sobre nós e os animais

"Se a inteligência é fonte de superioridade e os animais são seres inferiores, então também haverá seres humanos superiores, porque são mais inteligentes que outros, e logo seres humanos inferiores, o que conduziria a que existissem uns com mais direitos que outros. Os animais têm tanto direito a não sofrer como os humanos."
Miguel Moutinho


"Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram, nem tomam em consideração, as condiçõeses dos animais."
Abraham Lincoln


"Enquanto estivermos matando e torturando animais, vamos continuar a torturar e a matar seres humanos - vamos ter guerra. Matar precisa ser ensaiado e aprendido em pequena escala; enquanto prendermos animais em gaiolas, teremos prisões, porque prender precisa ser aprendido em pequena escala; enquanto escravizarmos os animais, teremos escravos humanos, porque escravizar precisa ser aprendido em pequena escala."
Edgar Kupfer-Koberwitz


"Como zeladores do planeta, É nossa responsabilidade lidar com todas as espécies com carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animais sofrem pelas mãos dos homens estão além de nossa compreensão. Por favor, ajudem a parar com esta loucura."
Richard Gere

domingo, 13 de julho de 2008

A pipoca

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

Rubem Alves

sexta-feira, 11 de julho de 2008

"O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê."

Platão

A psicologia budista


O físico Fritjof Capra, em seu livro O Tao da Física, nos fala que o budismo - ao contrário do hinduísmo que lhe serviu de preparação e que possui um forte colorido mitológico e ritualístico - tem um caráter e um "sabor" eminentemente psicológicos. Segundo Capra, "Buda não estava interessado em satisfazer a curiosidade humana acerca da origem do mundo, da natureza do Divino ou questões desse gênero. Ele estava preocupado exclusivamente com a situação humana, com o sofrimento e frustrações dos seres humanos. Sua doutrina, portanto, não era metafísica; era uma psicoterapia. Buda indicava a origem das frustrações humanas e a forma de superá-las. Para isso, empregou os conceitos indianos tradicionais de maya, karma, nirvana, etc., atribuindo-lhes uma interpretação psicológica renovada, dinâmica e diretamente pertinente." (Capra, 1986, p. 77). Ele havia dedicado-se a um aspecto da evolução humana: a autocompreensão para por fim ao sofrimento humano, e só a este aspecto se dedicara.
"O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram nosso comportamento, e são os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa vida de amanhã; a nossa vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou atua com a mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a roda do carro segue ao animal que o arrasta". (Buddha)


Do Blog Esteja aqui e agora
Zemanta Pixie

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Verdadeira compaixão


"Por muito grande que seja a vossa veneração pelos mestres tibetanos e o vosso amor pelo povo tibetano, não falem mal dos chineses. As chamas do ódio só podem ser apagadas pelo amor e se o fogo do ódio não se apagar é porque o amor não era ainda suficientemente forte."

Dalai Lama - 03/2008