quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Neblina

"Um velho mestre costumava dizer: ''Estar associado a um homem nobre é como andar na neblina. Mesmo que nunca tentemos molhar nossas roupas, ainda assim freqüentemente as veremos úmidas."

(extraido de"Shobogenzo Zuimonki"de Eihei Dogen Zenji)
Do Blog Daissen Zendô

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Bençãos


A maior bênção não é aquela que cai dos céus e nos é dada, mas é a felicidade que cada um de nós é capaz de gerar para si próprio.

-Thich Nhat Hanh

domingo, 23 de novembro de 2008

Ouvir



Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.

- Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Transformando nosso presente e nosso passado

Todos nós cometemos erros no passado. Mas esses erros podem ser apagados. A gente pode até pensar que pelo fato do passado já ter ocorrido, não podemos mais voltar e corrigir os nossos erros. Mas o passado criou o presente, por isso, ao praticarmos a plena consciência no presente, estaremos naturalmente em contato com ele. Ao transformarmos o presente, transformamos ao mesmo tempo o passado. Nossos ancestrais, pais, irmãos e irmãs estão intimamente ligados a nós – nosso sofrimento e felicidade estão intimamente ligados ao deles, assim como o sofrimento e a felicidade deles estão intimamente ligados ao nosso. Se pudermos transformar a nós mesmos, estaremos transformando-os também. Nossa própria emancipação, paz e alegria significam a emancipação, paz e alegria dos nossos pais e ancestrais.
Centrarmo-nos no presente para transformá-lo é a única forma de trazer paz, alegria e emancipação para aqueles que amamos e curar as feridas que provocamos no passado.


Thich Nhat Hanh
Do Blog Interser

A paz

"A paz invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais..."

Gilberto Gil

sábado, 15 de novembro de 2008

Dharma com pipoca

"A operação mental legitima aquilo que cognitiva, emocional ou carmicamente percebemos. Estamos presos a este automatismo, e, através disto, os sentidos físicos nos introduzem em realidades virtuais. Se não fosse assim, os filmes no cinema não funcionariam, acontece que a emoção passa através dos sentidos físicos e viajamos mentalmente devido aos automatismos cármicos de resposta. Cada vez que vemos o filme, secretamente desejamos que o Titanic não afunde e conduzimos nossas emoções de acordo com os eventos na tela, mesmo que já saibamos o final do filme."

Lama Padma Samten
+ no site da CBBSP

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Achando a própria mente

Nós temos a tendência de pensar na mente como “aqui dentro” e no mundo como “lá fora”, a mente como subjetiva e o mundo, o corpo, como objetivo. Buda ensinou que mente e objeto da mente não existem separadamente, eles interexistem. Sem este, o outro não pode ser. Não há observador sem o observado. Objeto e sujeito se manifestam juntos. Geralmente quando pensamos em mente, pensamos somente em consciência mental. Mas mente não é apenas consciência mental, ela também é manas, ela também é consciência armazenadora.

(...)

Vendo uma flor, nós a identificamos como uma rosa branca, e estamos muito certos de que esta é uma realidade objetiva que existe separadamente da nossa consciência – quer estejamos pensando na flor ou não, ela está ali. Ela pertence à realidade objetiva externa. Temos a tendência de pensar desta maneira. Mas nós aprendemos com a ciência que as cores que percebemos é uma matéria da vibração de uma onda de luz particular. Se o comprimento da onda for demasiadamente curto ou demasiadamente longo nós não a percebemos. Quando as freqüências são apropriadas aos órgãos dos nossos sentidos nós acreditamos que aquelas coisas existem. Mas quando não percebemos a freqüência, pensamos que elas inexistem. Eu posso perguntar a outro ser humano: “Você vê a mesma coisa que eu vejo? Você ouve o que eu ouço?” E a pessoa responde: “Sim, eu vejo o que você vê, eu ouço sim o que você ouve.” Então você tem a impressão, como nós dois concordamos com aquilo, que aquilo deve ser daquela forma, e que é algo objetivo e externo. Mas esquecemos do fato de que nós seres humanos somos constituídos de modo semelhante. Nossos órgãos dos sentidos são constituídos de modo semelhante. Todos nós concordamos que isto é uma mesa; nós a chamamos “mesa”. Nós somos da mesma opinião que ela é um suporte para nós escrevermos sobre ela. Porque somos seres humanos temos a tendência de olhar para esta mesa, como um instrumento. Mas se tivéssemos nascido cupins, olharíamos para a mesa de modo diferente. Nós poderíamos vê-la como uma fonte de comida, suculenta, saborosa e nutritiva. Os cupins são construídos de tal modo que a mesa se torna alimento; nós somos construídos de tal modo que a mesa é um suporte para nossa escrita e leitura.

Thich Nhat Hanh
Leia a íntegra do texto

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A visão japonesa do homem

A visão japonesa do homem se baseia no pensamento budista. Apresentamos aqui um de seus aspectos.

No Budismo, é costume dividir os tipos humanos em dez categorias, segundo adiantamento e conteúdos de seu espírito. São elas expressas em linguagem simbólica, como se constituíssem dez planos diferentes de existência.

1) Infernal – a mais baixa das categorias, englobando os que se submergem totalmente em atos contrários à natureza humana, alcançando por conseqüência sofrimentos sem conta.

2) Animal – categoria onde falta todo e qualquer refreamento, etiqueta ou regra de conduta, bem como a consciência. Os indivíduos agem inteiramente levados por seus instintos, sem levar em conta circunstâncias, hora e lugar.

3) Demônios famintos – outra categoria inconsciente, em que os seres se deixam levar por seus desejos, sem conseguir satisfaze-los nunca, agindo como famintos ou sedentos desesperados.

4) Titãs – seres que às vezes conseguem praticar o bem, mas vivem em conflito ideológico e constantemente lutam, de maneira inconsciente.

5) Celeste – plano dos que, embora inconscientemente, agiram conforme a ética e por conseguinte experimentam sensação agradável de viver num paraíso pleno de delícias. Porém, como não há consciência, terminada a energia gerada por suas boas ações, precipitam-se no plano infernal.

6) Humana – categoria onde alegrias e sofrimentos coexistem em partes iguais, e pela primeira vez desperta a consciência. Busca-se o conhecimento da essência da felicidade e das causas do sofrimento; escolhe-se conscientemente o caminho a seguir, consciente e racionalmente. A escolha correta permite dar o primeiro passo na trilha da perfeição humana.

7) Discípulos que ouvem a Lei – aqui, como primeiro passo para a perfeição, o homem aprende as Quatro Nobres Verdades, que esclarecem a natureza do mundo e os métodos que levam à perfeição, segundo o Budismo.

8) Os que discernem sozinhos a Lei – Aqui o homem compreende e pratica a Lei da Originação Condicionada, objeto das contemplações de Buda. Transcende o domínio dos instintos vulgares e age conforme a Lei, sempre de uma maneira racional, sem se deixar possuir pelas paixões e emoções; consegue transcender a vida e a morte, alcançando uma perfeita tranqüilidade de espírito.

9) Bodhisattva – Desenvolve-se espontaneamente a partir do anterior. O indivíduo já está apto a atingir a décima categoria.

10) Búdica – mas faz um voto de não atingi-la enquanto não conseguir instruir todos os seres viventes. Passeia livremente pelas categorias anteriores, empenhando-se na salvação alheia e na plena realização dos ideais búdicos. Incessantemente pratica e prega as Seis Virtudes do Bodhisattva ( Seis Paramitas): Caridade, Moralidade, Paciência, Perseverança, Concentração e Sabedoria. É um praticante do Caminho de Buda e uma encarnação da Misericórdia.

No Japão considera-se que todo o Homem deve viver como um Bodhisattva, para atingir a perfeição. O ideal do Bodhisattva é lembrado nas festas dos equinócios, celebradas no início da primavera e do outono. O dia de equinócio, em que o sol transpõe a linha do Equador, nem quente nem frio, dia e noite de igual duração, ameno e agradável, é destinado a honrar a memória dos antepassados virtuosos, ao passo que os três dias anteriores e os três posteriores são consagrados aos Seis Paramitas. São duas semanas anuais dedicadas à auto-reflexão, ao auto-aprimoramento e ao aprendizado das virtudes beneficiadoras da humanidade. Visam fazer de todo o homem um Bodhisattva, um ser que marcha para a perfeição. São celebradas há 1.500 anos.

Criticam-se os japoneses como exageradamente obsequiosos; isso é fruto das diretrizes de educação no Japão moderno, que esvaziaram o ideal de Bodhisattva de seu espírito, conservando só a forma.

A verdadeira concepção japonesa do Homem é a conscientização e prática do ideal do Bodhisattva, que possibilita o progresso e a coexistência pacífica da humanidade.

Do Blog Sangha Margha

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Assim mesmo...

Muitas vezes as pessoas são egocêntricas,
ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem acusá-la de
egoísta, interesseira.
Seja gentil assim mesmo.

Se você é vencedora, terá alguns falsos
amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.

Se você é honesta e franca,as pessoas
podem enganá-la.
Seja honesta e franca assim mesmo.

O que você levou anos para construir,
alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.

O bem que você faz hoje pode
ser esquecido amanhã.
Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor
de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.

Veja você que, no final das contas,
é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e as outras pessoas.

Madre Teresa de Calcutá

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Nosso Verdadeiro Lar

Quando praticamos a meditação andando, chegamos a todo momento. Nosso verdadeiro lar é o momento atual. Quando entramos profundamente no momento atual, nossas queixas e preocupações desaparecem, e descobrimos a vida com todas as suas maravilhas. Inspirando,dizemos a nós mesmos:"Eu cheguei". Expirando, dizemos:"O meu lar". Fazendo isso, superamos a dispersão e habitamos pacificamente no momento atual, que é o momento absoluto de conscientização para nós.

Thich Nhat Hanh (extraido do Livro Meditação Andando)
Do Blog Sanga Virtual

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A mente desperta tem que ser engajada

"Quando eu vivia no Vietnã, muitas das nossas aldeias foram bombardeadas. Em conjunto com meus irmãos e irmãs monásticos, tive que decidir o que fazer. Deveríamos continuar nossas práticas nos mosteiros ou deveríamos sair dos templos de meditação para ajudar as pessoas que sofriam com as bombas? Após uma reflexão cuidadosa, resolvemos fazer as duas coisas: sair para ajudar as pessoas e fazer isso com a plena consciência. Chamamos essa prática de budismo engajado. A plena consciência tem que ser engajada. Se existe a visão, tem que existir a ação. Do contrário, de que valeria a visão?

Devemos estar alertas para os verdadeiros problemas do mundo. Assim, com plena consciência, saberemos o que fazer e o que não fazer para ajudar. Se nos mantivermos cientes da nossa respiração e continuarmos a praticar o sorriso, mesmo em situações difíceis, muitas pessoas, animais e plantas irão se beneficiar da nossa forma de agir. Você massageia a Mãe Terra cada vez que o seu pé a toca? você costuma plantar sementes de alegria e paz? Eu tento fazer exatamente isso a cada passo, e sei que a Mãe Terra aprecia imensamente. A paz a cada passo. Vamos continuar nossa jornada?"

Thich Nhat Hanh
Do Blog Interser

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Como me tornar um sábio?

Mestre, como faço para me tornar um sábio?
- Boas escolhas.
- Mas como fazer boas escolhas?
- Experiência - diz o mestre.
- E como adquirir experiência, mestre?
- Más escolhas…

domingo, 2 de novembro de 2008

Ostra Feliz Não Faz Pérola

"(...) A ostra, para fazer pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma: "Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas..." Ostras felizes não fazem pérolas...Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída...Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. ..."

Rubem Alves