Nós temos a tendência de pensar na mente como “aqui dentro” e no mundo como “lá fora”, a mente como subjetiva e o mundo, o corpo, como objetivo. Buda ensinou que mente e objeto da mente não existem separadamente, eles interexistem. Sem este, o outro não pode ser. Não há observador sem o observado. Objeto e sujeito se manifestam juntos. Geralmente quando pensamos em mente, pensamos somente em consciência mental. Mas mente não é apenas consciência mental, ela também é manas, ela também é consciência armazenadora.
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Vendo uma flor, nós a identificamos como uma rosa branca, e estamos muito certos de que esta é uma realidade objetiva que existe separadamente da nossa consciência – quer estejamos pensando na flor ou não, ela está ali. Ela pertence à realidade objetiva externa. Temos a tendência de pensar desta maneira. Mas nós aprendemos com a ciência que as cores que percebemos é uma matéria da vibração de uma onda de luz particular. Se o comprimento da onda for demasiadamente curto ou demasiadamente longo nós não a percebemos. Quando as freqüências são apropriadas aos órgãos dos nossos sentidos nós acreditamos que aquelas coisas existem. Mas quando não percebemos a freqüência, pensamos que elas inexistem. Eu posso perguntar a outro ser humano: “Você vê a mesma coisa que eu vejo? Você ouve o que eu ouço?” E a pessoa responde: “Sim, eu vejo o que você vê, eu ouço sim o que você ouve.” Então você tem a impressão, como nós dois concordamos com aquilo, que aquilo deve ser daquela forma, e que é algo objetivo e externo. Mas esquecemos do fato de que nós seres humanos somos constituídos de modo semelhante. Nossos órgãos dos sentidos são constituídos de modo semelhante. Todos nós concordamos que isto é uma mesa; nós a chamamos “mesa”. Nós somos da mesma opinião que ela é um suporte para nós escrevermos sobre ela. Porque somos seres humanos temos a tendência de olhar para esta mesa, como um instrumento. Mas se tivéssemos nascido cupins, olharíamos para a mesa de modo diferente. Nós poderíamos vê-la como uma fonte de comida, suculenta, saborosa e nutritiva. Os cupins são construídos de tal modo que a mesa se torna alimento; nós somos construídos de tal modo que a mesa é um suporte para nossa escrita e leitura.
Thich Nhat Hanh
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