sábado, 18 de outubro de 2008

O sol da consciência

De tempos em tempos você pode ficar inquieto e constatar que a inquietude não vai embora. Nesses momentos, apenas sente-se em silêncio, acompanhe sua respiração, dê um meio sorriso e faça sua consciência brilhar sobre a inquietude. Não a julgue nem tente destruí-la, porque essa inquietude é você. [...]

Durante toda a meditação, mantenha o sol da sua consciência brilhando. Como o sol físico, que ilumina cada folha de árvore, de arbusto e de grama, nossa consciência ilumina cada pensamento e sentimento nosso, permitindo que os reconheçamos, que fiquemos conscientes de seu surgimento, duração e dissolução, sem julgá-los ou avaliá-los, sem recebê-los com alegria ou bani-los. É importante que você não considere a consciência uma “aliada”, chamada para suprimir os “inimigos” que são seus pensamentos indisciplinados. Não transforme sua mente num campo de batalha. Não lute nela uma guerra, pois todos os seus sentimentos – alegria, tristeza, raiva, ódio – são parte de você. A consciência é como uma irmã ou irmão mais velho, suave e atenciosa, que está presente para guiar e iluminar. Ela é uma presença lúcida e tolerante, jamais violenta e preconceituosa. Está presente para reconhecer e identificar pensamentos e sentimentos, não para julgá-los como bons ou maus, ou colocá-los em campos opostos a fim de que lutem uns com os outros. A oposição entre o bem e o mal é com freqüência comparada à luz e às trevas, mas se encararmos as coisas a partir de uma outra perspectiva, veremos que quando a luz brilha a escuridão não desaparece. Ela não vai embora; ela se funde com a luz; torna-se a luz.


Thich Nhat Hanh, O Sol meu coração, da atenção à contemplação intuitiva, Editora Paulus,
Do Blog Para ser zen

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