quarta-feira, 11 de junho de 2008

São Francisco, meu bodhisatva preferido

Deus é Deus

Por São Francisco de Assis


Vendo a obra, vejo Deus;
sentindo Deus, sou Amor.
Oh!... quantas coisas se escondem de mim, de vós, de todos, filhos do Criador.
Sinto-me nada, ante a grandeza do universo; sinto-me verme, pelas belezas que desconhece o meu coração.

Deus tem filhos no mar, nas estrelas, no ar;
Deus tem filhos nas árvores e na terra.
Deus tem filhos até nas guerras.

Que beleza a função da natureza!...
Vejo a luz surgir no escuro,
vejo a vida perfeita nos monturos;
vejo o céu nas águas do mar,
vejo e sinto o Amor no amar.

Quando descanso, a natureza trabalha;
quando durmo, a natureza trabalha;
quando trabalho, a natureza trabalha;
Que eu sou?... Nada, diante desta batalha.

Deus é Deus dos justos,
Deus é Deus dos párias,
Deus é Deus dos que viajam,
Deus é Deus dos que ficam em casa!...
Deus é Deus das sombras,
Deus é Deus da luz,
Deus é Deus das trevas,
Deus é Deus de Jesus!...

Quando estou cansado, Deus está ocupado;
quando estou reclamando, Deus esta obrando.
Quando blasfemo, Deus esta entendendo;
quando tenho ódio, Deus esta amando.
Quando estou triste, Deus esta sorrindo.

Deus é Sabedoria e eu estou sonhando!...
Que beleza a natureza!...
Que beleza a profundeza da existência, e do existir.
Eu não compreendo, mas luto para me corrigir, porém, em frações do tempo, logo quero ajuntar e Deus repartir.
Quero colher, quero usurpar; e Deus passa por mim a semear!...
Luto de novo, mas ainda não sei lutar;
penso na disciplina, mas não me deixo disciplinar.
Avanço... caio! torno a avançar.
E Deus me ouve, passa novamente pôr mim, olha para meus olhos, sente meu coração. E fala baixinho em meu ouvido: vem, vou te ensinar a amar.
Deus se retira!... sinto sua ausência!... Peço clemência! Mesmo assim, Deus não se esquece de mim.
Manda um anjo em meu encalço, num carro fulgurante de luz.
E de braços abertos, caio por terra; pensei que era o Cristo de Deus, que era Jesus!
E o cortejo dos céus entra em mim, em cântico de louvor.
Abre o meu coração, deixando dentro dele um tesouro de luz!...
O tesouro da dor.

Alguma dúvida de que se trata de um ser iluminado? Não sabemos ao certo, mas temos muitas dessas lanternas entre nós. Muitos ficaram conhecidos no mundo todo como Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Padmasambhava, mas existem muitos anônimos entre nós. Precisamos muito acreditar nisso. Acreditando em Deus, Buda, Maomé, Krishna, não importa. Isso é iluminação.
São Francisco é meu "preferido" pela sua história de desapego, compaixão por todos os seres e por sua poesia.


Zemanta Pixie

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